sexta-feira, 26 de julho de 2013

Crises políticas pelo mundo: Egito – ATUALIZADO



ATUALIZAÇÃO – No final da tarde de 03/07/2013, o presidente eleito do Egito, Mohamed Morsi, foi deposto por um golpe militar sob o argumento de que “não atendeu às expectativas da população”. Os militares suspenderam a vigência da Constituição do país e prometem uma transição realizada por técnicos até a realização de novas eleições. Como eu disse no post, esse é o risco da democracia, principalmente das mais jovens. O povo, agora com voz, vai às ruas para protestar contra o governante que ele mesmo escolheu e vê os militares, que administraram de forma ditatorial o país por décadas, reassumirem o controle supostamente para atender aos anseios das pessoas. Resta torcer para que a democracia egípcia passe por essa fase conturbada apenas com alguns arranhões e se restabeleça o quanto antes.
Em 2011, o Egito foi um dos países envolvidos pelas revoltas populares contra os líderes políticos que se mantiveram no poder por algumas décadas sem respaldo popular no norte da África e no Oriente Médio. À época, o então presidente Hosni Mubarak acabou deposto após o apoio dado aos manifestantes que exigiam sua renúncia pela Irmandade Muçulmana e pelos EUA. Mubarak chegou a ser condenado a prisão perpétua pela morte de centenas de manifestantes durante os conflitos, porém o julgamento foi anulado e o novo começou há cerca de dois meses.
A renúncia de Mubarak ensejou as primeiras eleições diretas no país, que elegeu Mohamed Morsi com pouco mais de 51% dos votos. Ele se tornou o primeiro presidente eleito democraticamente, o primeiro civil (todos os antecessores eram militares) e o primeiro muçulmano a governar o Egito.
Mesmo assim, o Egito volta ao cenário político mundial com novas manifestações que reúnem milhares de pessoas no centro do Cairo para exigir a saída de Morsi. O povo protesta contra a concentração de poderes que o presidente tenta reunir para si mesmo (controvérsia que foi objeto de comentários aqui no blog – clique aqui), o controle sobre a Irmandade Muçulmana local e o autoritarismo, que pelo visto é uma de suas principais características, na condução das Forças Armadas, contra as quais mirou diversas de suas decisões.
A mobilização popular no Egito, aparentemente, está em seu momento de glória. Com a vitória sobre a política ditatorial de Hosni Mubarak, o povo egípcio entendeu que sua insurgência pode fazer efeito e, com isso, voltou às ruas para destituir o presidente que eles mesmos elegeram. Essa é a beleza e o risco da democracia.
Dizemos que é um risco porque Mursi foi eleito com mais de 51% dos votos, o que denota que a maioria da população lhe dá alguma espécie de apoio. Isso eleva a tensão nas praças do Cairo, que reúnem manifestantes a favor e contra o presidente. Tal situação chamou a atenção do Exército (que obviamente não anda , que já afirmou que Mursi tem 48 horas para resolver o estado de emergência que toma a capital do país, sob pena dos militares tomarem medidas para controlar a situação. Leia-se, um novo golpe militar, provavelmente com a colocação de um novo ditador no poder. Ou seja, “o tiro pode sair pela culatra” e os egípcios retrocederem em sua caminhada democrática.

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