ATUALIZAÇÃO – No final da tarde
de 03/07/2013, o presidente eleito do Egito, Mohamed Morsi, foi deposto
por um golpe militar sob o argumento de que “não atendeu às expectativas
da população”. Os militares suspenderam a vigência da Constituição do
país e prometem uma transição realizada por técnicos até a realização de
novas eleições. Como eu disse no post, esse é o risco da democracia,
principalmente das mais jovens. O povo, agora com voz, vai às ruas para
protestar contra o governante que ele mesmo escolheu e vê os militares,
que administraram de forma ditatorial o país por décadas, reassumirem o
controle supostamente para atender aos anseios das pessoas. Resta torcer
para que a democracia egípcia passe por essa fase conturbada apenas com
alguns arranhões e se restabeleça o quanto antes.
Em 2011, o Egito foi um dos países
envolvidos pelas revoltas populares contra os líderes políticos que se
mantiveram no poder por algumas décadas sem respaldo popular no norte da
África e no Oriente Médio. À época, o então presidente Hosni Mubarak
acabou deposto após o apoio dado aos manifestantes que exigiam sua
renúncia pela Irmandade Muçulmana e pelos EUA. Mubarak chegou a ser
condenado a prisão perpétua pela morte de centenas de manifestantes
durante os conflitos, porém o julgamento foi anulado e o novo começou há
cerca de dois meses.
A renúncia de Mubarak ensejou as
primeiras eleições diretas no país, que elegeu Mohamed Morsi com pouco
mais de 51% dos votos. Ele se tornou o primeiro presidente eleito
democraticamente, o primeiro civil (todos os antecessores eram
militares) e o primeiro muçulmano a governar o Egito.
Mesmo assim, o Egito volta ao cenário
político mundial com novas manifestações que reúnem milhares de pessoas
no centro do Cairo para exigir a saída de Morsi. O povo protesta contra a
concentração de poderes que o presidente tenta reunir para si mesmo
(controvérsia que foi objeto de comentários aqui no blog – clique aqui),
o controle sobre a Irmandade Muçulmana local e o autoritarismo, que
pelo visto é uma de suas principais características, na condução das
Forças Armadas, contra as quais mirou diversas de suas decisões.
A mobilização popular no Egito,
aparentemente, está em seu momento de glória. Com a vitória sobre a
política ditatorial de Hosni Mubarak, o povo egípcio entendeu que sua
insurgência pode fazer efeito e, com isso, voltou às ruas para destituir
o presidente que eles mesmos elegeram. Essa é a beleza e o risco da
democracia.
Dizemos que é um risco porque Mursi foi
eleito com mais de 51% dos votos, o que denota que a maioria da
população lhe dá alguma espécie de apoio. Isso eleva a tensão nas praças
do Cairo, que reúnem manifestantes a favor e contra o presidente. Tal
situação chamou a atenção do Exército (que obviamente não anda , que já
afirmou que Mursi tem 48 horas para resolver o estado de emergência que
toma a capital do país, sob pena dos militares tomarem medidas para
controlar a situação. Leia-se, um novo golpe militar, provavelmente com a
colocação de um novo ditador no poder. Ou seja, “o tiro pode sair pela
culatra” e os egípcios retrocederem em sua caminhada democrática.
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