Edward Snowden é ex-técnico da CIA
(Central Intelligence Agency), a Agência Central de Inteligência
norte-americana, e vem causando um grande desconforto ao governo de seu
país: munido de milhares de documentos aos quais teve acesso durante seu
trabalho junto à NSA (National Security Agency – Agência de Segurança
Nacional), vazou informações a importantes veículos de imprensa do mundo
inteiro que provam que os EUA mantêm vigilância constante sobre as
conversas telefônicas e os e-mails enviados por milhões de pessoas ao
redor do mundo, dentre eles o Brasil.
Segundo Snowden, a agências de
inteligência estadunidenses se valem de diversos programas para
monitorar as conversas e mantêm escritórios em países estratégicos,
principalmente os de economia emergente como Brasil e Índia. A razão de
deixar seu emprego e passar a ser considerado um traidor de sua pátria,
onde provavelmente será punido com algumas décadas de prisão, seria sua
crença no direito de todos de saberem que estão sendo espionados.
Desde o vazamento dos dados, que ocorreu
em Hong Kong, Snowden já pediu asilo político para diversos países; em
paralelo, os EUA trabalham por sua extradição. Enquanto espera, Snowden
vive na área internacional do aeroporto de Moscou. O governo russo
imediatamente informou que não tomaria qualquer providência para
entregar Snowden a Barack Obama.
Por falar nele, o presidente dos EUA
passou a enfrentar mais uma séria crise de credibilidade de sua gestão.
Os cidadãos estadunidenses, em grande parte, sequer acharam o ato
demasiadamente grave; porém, pessoas de outras partes do mundo não estão
habituadas a saber que suas conversas telefônicas e seus e-mails estão
sendo interceptados sem qualquer autorização judicial nesse sentido.
Tentando contornar a situação, Obama afirmou:
Não se pode ter 100% de segurança e também 100% de privacidade com zero de inconveniência.
A afirmação de Obama é parcialmente
verdade. Realmente, a inteligência é uma atividade essencial à segurança
do Estado e todos os países do mundo mantêm suas agências funcionando
em diversos países para amealhar informações, as quais podem influenciar
decisões políticas relevantes. O Brasil, inclusive, legitima a ação da
Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) e possui agentes espalhados em
cidades estratégicas.
Por outro lado, se as razões invocadas
pelo governo norte-americano passam pela segurança nacional, o que se
legitima pela história recente do país e dos sucessivos atentados
terroristas que o atingiram, temos aí um problema. Segundo Snowden, o
programa de monitoramento da NSA teve início antes mesmo do atentado de
11 de setembro. Em 2013, mais de dez anos depois, um outro atentado
atinge civis e atletas na maratona de Boston. Ao que parece, as centrais
de inteligência possuíam informações sobre o planejamento e a execução
dos dois atos terroristas, mas elas se perderam no conjunto infinito de
dados gerados pelos programas de computador.
Portanto, das duas, uma: ou o programa
de espionagem internacional, que viola a privacidade de milhões de
pessoas segundo critérios estabelecidos unilateralmente pelos EUA, não
está funcionando ou alguém está mentindo…
Nenhum comentário:
Postar um comentário