quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Espionagem internacional: o caso Snowden

Nesta quinta-feira, 01/08, a Rússia concedeu asilo temporário (válido por 01 ano, prazo para que regularize os papéis para sua condição de refugiado) a Edward Snowden, permitindo que ele finalmente saísse da área internacional do aeroporto de Moscou rumo a um local não divulgado. Obviamente, a decisão estremeceu as relações entre a Federação Russa e os EUA, que manifestaram seu desapontamento com a proteção conferida a Snowden e ameaçaram cancelar agendas de negociações entre Barack Obama e Vladimir Putin. 
Edward Snowden é ex-técnico da CIA (Central Intelligence Agency), a Agência Central de Inteligência norte-americana, e vem causando um grande desconforto ao governo de seu país: munido de milhares de documentos aos quais teve acesso durante seu trabalho junto à NSA (National Security Agency – Agência de Segurança Nacional), vazou informações a importantes veículos de imprensa do mundo inteiro que provam que os EUA mantêm vigilância constante sobre as conversas telefônicas e os e-mails enviados por milhões de pessoas ao redor do mundo, dentre eles o Brasil.
Segundo Snowden, a agências de inteligência estadunidenses se valem de diversos programas para monitorar as conversas e mantêm escritórios em países estratégicos, principalmente os de economia emergente como Brasil e Índia. A razão de deixar seu emprego e passar a ser considerado um traidor de sua pátria, onde provavelmente será punido com algumas décadas de prisão, seria sua crença no direito de todos de saberem que estão sendo espionados.
Desde o vazamento dos dados, que ocorreu em Hong Kong, Snowden já pediu asilo político para diversos países; em paralelo, os EUA trabalham por sua extradição. Enquanto espera, Snowden vive na área internacional do aeroporto de Moscou. O governo russo imediatamente informou que não tomaria qualquer providência para entregar Snowden a Barack Obama.
Por falar nele, o presidente dos EUA passou a enfrentar mais uma séria crise de credibilidade de sua gestão. Os cidadãos estadunidenses, em grande parte, sequer acharam o ato demasiadamente grave; porém, pessoas de outras partes do mundo não estão habituadas a saber que suas conversas telefônicas e seus e-mails estão sendo interceptados sem qualquer autorização judicial nesse sentido.
Tentando contornar a situação, Obama afirmou:
Não se pode ter 100% de segurança e também 100% de privacidade com zero de inconveniência.
A afirmação de Obama é parcialmente verdade. Realmente, a inteligência é uma atividade essencial à segurança do Estado e todos os países do mundo mantêm suas agências funcionando em diversos países para amealhar informações, as quais podem influenciar decisões políticas relevantes. O Brasil, inclusive, legitima a ação da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) e possui agentes espalhados em cidades estratégicas.
Por outro lado, se as razões invocadas pelo governo norte-americano passam pela segurança nacional, o que se legitima pela história recente do país e dos sucessivos atentados terroristas que o atingiram, temos aí um problema. Segundo Snowden, o programa de monitoramento da NSA teve início antes mesmo do atentado de 11 de setembro. Em 2013, mais de dez anos depois, um outro atentado atinge civis e atletas na maratona de Boston. Ao que parece, as centrais de inteligência possuíam informações sobre o planejamento e a execução dos dois atos terroristas, mas elas se perderam no conjunto infinito de dados gerados pelos programas de computador.
Portanto, das duas, uma: ou o programa de espionagem internacional, que viola a privacidade de milhões de pessoas segundo critérios estabelecidos unilateralmente pelos EUA, não está funcionando ou alguém está mentindo…

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